Real Digital: tudo o que você precisa saber

Escrito em 22 de Fevereiro de 2022 por Redação iugu

Atualizado em 28 de Setembro de 2023

Temos falado bastante sobre as moedas digitais e criptomoedas, que já representam muito mais do que um simples investimento. As criptomoedas, hoje, são consideradas novos recursos e possuem funcionalidades aplicáveis no nosso cotidiano.

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O surgimento das criptomoedas, embora diferente em sua ideologia (finanças descentralizadas), incentivou diversos governos a criar suas próprias moedas digitais.

Um exemplo disso é o fato de países como Bahamas, Camboja e China, já terem lançado oficialmente suas próprias moedas digitais: Sand Dollar, Bakong e Yuan Digital, respectivamente, mostrando o caminho para os Bancos Centrais de outros países, como o Brasil, que já estuda o Real Digital.

Mas vamos saber mais sobre essa novidade e como ela pode impactar o nosso dia a dia.

Como surgiu a ideia do Real Digital?

Assim como muitos países, o Banco Central do Brasil também acredita que as CBDCs (Central Bank Digital Currency) possuem o potencial de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos e de promover a competição e a inclusão financeira para a população - ainda mal atendida por serviços bancários.

Essa ideia surgiu em meados de 2020, quando o BC organizou um grupo de trabalho com o objetivo de realizar estudos sobre a emissão de uma moeda digital.

O grupo, composto por diversos representantes de todas as áreas do BC, determinou o estabelecimento de um fórum regular para a discussão do tema.

A partir dessa fórum surgiram:

  • A publicação das diretrizes do Real Digital em maio de 2021;
  • A realização de uma série de webinars para discutir com a sociedade as potenciais aplicações do Real Digital;
  • O Lift Challenge Real Digital (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas - Fenasbac e Banco Central do Brasil), que reúne participantes do mercado interessados em desenvolver um produto minimamente viável (MVP).

Assim, a ideia começou a tomar forma e pudemos vê-la se tornando cada vez mais tangível.

Qual o objetivo da criação do Real Digital?

O objetivo de todas essas frentes criadas pelo BC é criar um Produto Minimamente Viável (MVP) para o desenvolvimento da ideia e projetar o uso do Real Digital, que será subsequentemente utilizado em benefício do Sistema Financeiro Nacional.

Esse formato, "aberto ao público", possibilita que pessoas jurídicas e empresas submetam propostas de projetos com funcionalidades práticas, seguras e capazes de interagir com outros meios de pagamento já existentes, de maneira voluntária e democrática.

Entre os diversos requisitos esperados, os avaliadores destacam os recursos de pagamentos inteligentes, tais como:

  • Entrega contra Pagamento (DvP) para ativos digitais, que protege os participantes de uma transação de eventuais falhas em ambientes digitais ou "tokenizados";
  • Pagamento contra Pagamento (PvP), tratando especificamente do câmbio entre moedas, da Internet das coisas (IoT) e da resolução tradicional de transações;
  • Finanças descentralizadas (DeFi) que utilizarão o Real Digital como base, além de estar em conformidade com as normas nacionais de supervisão;

Além disso, também há preferência para outros fatores, como:

  • Soluções de pagamento no formato offline, dispensando o uso de Internet;
  • Capacidade de interoperabilidade com outros sistemas de pagamentos, seja para transações de varejo ou atacado;
  • Capacidade de escalabilidade;
  • Segurança e privacidade dos dados utilizados pela solução, conforme solicita a legislação vigente.

O prazo para envio dos projetos se encerrou em fevereiro e as propostas selecionadas pelo Banco Central e pela Fenasbac serão divulgadas no dia 4 de março de 2022. Estas propostas entrarão no processo de aceleração ainda no dia 28 do mesmo mês, que deve durar até julho de 2022.

Ao fim desta etapa, os resultados serão divulgados e apresentados aos bancos, fintechs e instituições de pagamento.

Qual a diferença entre o Real Digital e o Bitcoin e outras criptomoedas?

Apesar de, provavelmente, contar com a tecnologia do blockchain, o Real Digital se difere do Bitcoin e de outras criptomoedas, pelo fato de ser uma moeda digital centralizada e auditada pelo governo, característica oposta das criptos.

Além disso, a questão preço também se difere, uma vez que será inteiramente lastreado à sua versão tradicional, com "baixa volatilidade".

Em entrevista à CNN, o Banco Central afirmou que “o real digital é uma expressão da moeda soberana brasileira, que está sendo desenvolvida para dar suporte a um ambiente seguro onde empreendedores possam inovar e onde os consumidores possam ter acesso às vantagens tecnológicas trazidas por essas novas ferramentas, sem que para isso precisem se expor a um ambiente financeiro não regulado”.

Como o Real Digital funcionará e quais seus benefícios?

Com a implementação do Real Digital, a ideia é que os brasileiros tenham uma carteira digital em custódia de um agente autorizado pelo BC — banco ou instituição de pagamento.

A moeda digital poderá ser convertida em outras formas de pagamento hoje disponíveis — como depósito bancário convencional ou em real físico.

Com a carteira digital, será possível realizar transações através de “contratos inteligentes” digitais. Isso significa que uma pessoa que tiver interesse em comprar o carro de um terceiro, por exemplo, poderá elaborar um contrato digital e alocar os valores do Real Digital.

No entanto, para a segurança da transação, o dinheiro permanecerá parado até a transferência ser concluída, quando os documentos do veículo estiverem em posse do novo dono e a situação estiver regularizada no Detran, por exemplo.

Essa independência de bancos e outras instituições seria uma das principais vantagens do Real Digital, bastando um aplicativo para realizar transações e ter tudo documentado em um blockchain super seguro.

Todas as funcionalidades são ainda bastante especulativas, mas em breve, com a aprovação dos projetos, poderemos saber mais sobre elas!

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